sábado, outubro 23, 2004

poema.

OS ADORMECIDOS

Nem um só mapa registra
A rua dos dois adormecidos
Nós perdemos sua pista.
Jazem como se submersos
Em imutável luz azul,
Aberta, a porta de vidros

Com laços de fita amarela.
Por esta fresta penetra
Odores de terra úmida.
A lesma deixa um rastro prata;
Negras sebes cercam a casa.
Então olhamos para trás.

Morte feito pétalas lívidas
Entre folhas de formas tesas
Eles dormem, boca a boca.
Uma névoa branca esvoaça.
Suspiram narinas mínimas,
E eles reviram em seu sono.

Longe daquele leito ameno
Somos um sonho que eles sonham.
Suas pálpebras retêm sombras.
Nada vai lhes acontecer.
Trocamos a pele e nos movemos
Dentro de um outro tempo.
("Poemas", Sylvia Plath. Editora: Iluminuras, Tradução Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendo, cedido gentilmente pela minha mãezinha)

Um comentário:

charlie disse...

ih, a beleza aqui nem é o poema hein... whwhw