quinta-feira, janeiro 20, 2005

Trechos do Inventário.

Descobririas que as coisas e as pessoas só o são em totalidade quando não existem perguntas, ou quando as perguntas não são feitas. Que a maneira mais absoluta de aceitar alguém ou alguma coisa seria justamente não falar, não perguntar - mas ver. Em silêncio. (...) O que faz nascer as perguntas não é uma necessidade de conhecimento, mas de ser conhecido.
(...)
Não sei, até hoje não sei se o príncipe era um deles. Eu não podia saber, ele não falava. E, depois, ele não veio mais. Eu dava um cavalo branco para ele, uma espada, dava um castelo e bruxas para ele matar, dava todas essas coisas e mais as que ele pedisse, fazia com a areia, com o sal, com as folhas dos coqueiros, com as cascas dos cocos, até com a minha carne eu construía um cavalo branco para aquele príncipe. Mas ele não queria, acho que ele não queria, e eu não tive tempo de dizer que quando a gente precisa que alguém fique a gente constrói qualquer coisa, até um castelo.
(...)
Quando partiu, levava as mãos no bolso, a cabeça erguida. Não olhava para trás, porque olhar para trás era uma maneira de ficar num pedaço qualquer para partir incompleto, ficado em meio para trás. Não olhava, pois, e pois não ficava. Completo, partiu.
(...)
Não vou perguntar por que você voltou, acho que nem mesmo você sabe, e se eu perguntasse você se sentiria obrigado a responder, e respondendo daria uma explicação que nem mesmo você sabe qual é. Não há explicação, compreende? Eu também não queria perguntar, pensei que só no silêncio fosse possível construir uma compreensão, mas não é, sei que não é, você também sabe, pelo menos por enquanto, talvez não se tenha ainda atingido o ponto em que o silêncio basta? É preciso encher o vazio de palavras, ainda que seja tudo incompreensão? Só vou perguntar por que você se foi, se sabia que haveria uma distância, e que na distância a gente perde ou esquece tudo aquilo que construiu junto. E esquece sabendo que está esquecendo.

Lixo e Purpurina.

"Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas as tentativas de aproximação. Tenho vontade de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso". (C.F.)
=~

quando júpiter encontra saturno...

(...)- você tem um cigarro?
- estou tentando parar de fumar.
- eu também. mas queria alguma coisa nas minhas mãos agora.
- você tem alguma coisa nas mãos agora.
- eu?
- eu.
silêncio.
- como é que você sabe?
- o que?
- que o menino vai se matar?
- sei muitas coisas.
- eu não sei nada.
- te ensino a saber. não a sentir. não sinto nada. já faz tempo.
- eu só sinto, mas não sei o sinto. quando sei, não compreendo.
- ninguém compreende.
- às vezes sim. eu te ensino.
- dificil. morri em dezembro. com cinco tiros nas costas. você também.
- também. depois saí do corpo. você já saiu do corpo?
(...)

trecho I.

"Andei pensando em Adele H., em Boy George e em John Hincley Jr. Andei pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que - se você não me amar: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente. Me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida".
Extremos da Paixão / Pequenas Epifanias
PUTAQUEPARIU! =\

sábado, janeiro 08, 2005

campanha 2000 reais urgente!

e eu sentindo todo o peso opressor desse sistema capitalista desabando sobre a minha cabeça. =

sexta-feira, janeiro 07, 2005

perspectiva?

alguma. o novo ano não anda nada bem. uma pena porque eu apostava que as coisas começariam nos seus devidos lugares, foi mais uma ilusão. mas nem tudo está perdido não é? a vida é feita de quedas mesmo, e eu caí mais uma vez. força charlie, força. pior que não sei o que diabo eu fiz para ser tão ignorado. poxa. onde eu errei? até mãezinha agora deu para me dar as costas! pode?
argh. que coisinha de mulher-cor-de-rosa.

queimem no fogo do inferno.

quarta-feira, janeiro 05, 2005

uma prostituta.

como era mesmo? tinha por fora um vestido vermelho bem passado e uma maquiagem mal feita denotando uma mulher com pressa de sair de casa. os sapatos de salto agulha já eram gastos e a meia-calça velha e usada. mas a mulher gostava assim. um colar e uma bolsa finalizavam todo o enfeite e a mulher estava pronta para mais uma noite. uma mulher barata. de programa. daquelas mesmo que por dinheiro são capazes de trepar a noite toda. foder até o outro dia, onde acordam exaustas. entregaram-se ao sistema solar de corpo, sem caráter algum, nem de mulher. tinha por si comprar uma nova casa? talvez. e se a criança perguntasse, ora, era só abaixar a voz, já tênue. imagine! chegava a ser caquética.
a mulher e mais uma noite difícil. mas viver era difícil, é como se a cada dia necessitasse de mais, para poder viver menos. drogas? não. apenas o cigarro era usado como um sinal de que aquela prostituta era enfim - uma prostituta. já passara dos 50, e usava a nicotina para que aquela mulher não se sentisse tão mulher. como nos filmes. era um sinal.
detestava o cheiro do cigarro. álcool fingia tomar. tristeza. tivera um marido um dia. nunca mais vira qualquer resquício da criatura.
perto de ti, tanto.
amanhecer.
solidão.
e lá ia a mulher de vestido vermelho tombando pela cidade deserta, rumo a sua morada. similar a um tatu. de dia a toca. A noite, à vida.

segunda-feira, janeiro 03, 2005

canção.

e na madrugada o maldito som me vem com essa:
'eu não resisto longe de você/ a solidão é meu pior castigo/ eu conto as horas pra poder te ver/ mas o relógio tá de mal comigo.'
alguém merece? =\
nessa hora que eu preciso com urgência correr atrás de alguma do Chrystian & Ralf para cair na gargalhada. tipo aquela lá:
"tinha um sonho, ir pra Nova York/ (levar a namorada)/ fazer o seu caminhão voar nas nuvens/ mas enquanto isso na estrada.../ saudade vai, vai, vai.../ saudade vem, vem, vem...te buscar."
alguém melhor para levar o trófeu tosqueira-mor de 2004?
(risos)

domingo, janeiro 02, 2005

a integração enriquece.

mais uma daquelas leituras de férias.

*

todos somos obrigados a conhecer e encarar nossas sombras. você reconhece suas sombras e aprende a se conhecer melhor quando você examina suas reações exageradas. sempre que você reage de forma incoveniente, o reprimido em você tem um papel nisso. ou observe-se contra quem e contra quais faltas você gostaria de esbravejar. "o que não está em nós, isto não nos irrita", diz Hermann Hesse. integrar a sombra não significa trazer à tona de uma vez todos os desejos e necessidades que você reprimiu na sombra. a sombra precisa, antes de tudo, ser reconhecida. somente quando você lhe devotar seu amor, a sombra começarará a ser-lhe útil. ela o libertará de sua parcialidade. sua agressão reprimida vai ajudá-lo a demarcar melhor seus limites. Suas necessidades reprimidas vão ensiná-lo a relacionar-se melhor consigo mesmo. algumas pessoas temem que as sombras a domine quando a integrarem. a verdade é: a sombra que você integra vai também ser-lhe útil e enriquecer sua vida.

era de tarde...

minha beleza de azul, vamos ver logo a água que eu tenho de dormir cedo, amanhã é dia de treino. e ainda por cima o demônio do cavalo está dando para trás.