como era mesmo? tinha por fora um vestido vermelho bem passado e uma maquiagem mal feita denotando uma mulher com pressa de sair de casa. os sapatos de salto agulha já eram gastos e a meia-calça velha e usada. mas a mulher gostava assim. um colar e uma bolsa finalizavam todo o enfeite e a mulher estava pronta para mais uma noite. uma mulher barata. de programa. daquelas mesmo que por dinheiro são capazes de trepar a noite toda. foder até o outro dia, onde acordam exaustas. entregaram-se ao sistema solar de corpo, sem caráter algum, nem de mulher. tinha por si comprar uma nova casa? talvez. e se a criança perguntasse, ora, era só abaixar a voz, já tênue. imagine! chegava a ser caquética.
a mulher e mais uma noite difícil. mas viver era difícil, é como se a cada dia necessitasse de mais, para poder viver menos. drogas? não. apenas o cigarro era usado como um sinal de que aquela prostituta era enfim - uma prostituta. já passara dos 50, e usava a nicotina para que aquela mulher não se sentisse tão mulher. como nos filmes. era um sinal.
detestava o cheiro do cigarro. álcool fingia tomar. tristeza. tivera um marido um dia. nunca mais vira qualquer resquício da criatura.
perto de ti, tanto.
amanhecer.
solidão.
e lá ia a mulher de vestido vermelho tombando pela cidade deserta, rumo a sua morada. similar a um tatu. de dia a toca. A noite, à vida.
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