sexta-feira, maio 11, 2012

8 de julho.

Nós estamos em plena decadência. Eu e você estamos em plena decadência. A nossa relação está em plena decadência. Quando duas pessoas chegam  a se dizer isso tranquilamente, é sinal de terra à vista. Nem tudo é um naufrágio na vida. Mas um dia eu ainda me afogo no álcool.
(Ana Cristiana Cesar in Simulacro de uma solidão)

domingo, março 25, 2012

Como rasurar a paisagem

de Ana Cristina Cesar

a fotografia
é um tempo morto
fictício retorno à simetria

secreto desejo do poema
censura impossível
do poeta

domingo, março 11, 2012

O grito.


*

"Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol - o céu ficou de súbito vermelho-sangue - eu parei, exausto, e inclinei-me sobre a mureta - havia sangue e línguas sobre o azul do escuro do fjord e sobre a cidade - os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade - e senti o grito infinito da Natureza"
(trecho do diário de Edvard Munch que encontrei no wikipedia. Não gosto de citar uma referência da internet, mas para mim é a descrição do quadro, o que presumo a pintura se tratou de uma experiência de angústia pessoal)

terça-feira, março 06, 2012

Estou atrás

por: Ana Cristina Cesar

do despojamento mais inteiro
da simplicidade mais erma
da palavra mais recém-nascida
do inteiro mais despojado
do ermo mais simples
do nascimento a mais da palavra

sábado, março 03, 2012

Ciúmes.

por: Ana Cristina Cesar

Tenho ciúmes deste cigarro que você fuma
Tão distraidamente

abril/68

segunda-feira, fevereiro 27, 2012

VOLUME DAS ÁGUAS DO OCEANO


por: Raisa Christina

um livro inteiro de dedicatórias
aos meninos que acordam cedo para ir ao mar
que trabalham e estudam
que já são comprometidos
e que, portanto, não podem
ou não querem
viver comigo

sexta-feira, fevereiro 24, 2012

"Quando o coração se abade na presunçosa indiferença da segurança, aí é preciso aplicar agulhas penetrantes para acordar o amor: faça com que sua amiga sinta-se insegura ao seu respeito, desperte o ador no seu coração desanimado, que ela empalideça percebendo a sua infidelidade. Quem me dera ser aquele pelo qual o seu furor arranca os cabelos, feliz aquele que a amante geme ao se ver traída".
do musical "Eu te amo mesmo assim" de João Falcão.